Sobre o CEAS
De 1550 a 1850 a maior parte do Brasil e Angola formaram uma rede ativada pelo tráfico negreiro e pelo comércio intercolonial que complementava, por vezes contraditoriamente, as trocas entre essas regiões e Portugal. Comerciantes, milicianos, funcionários régios e missionários reforçavam as relações entre os enclaves portugueses das duas margens do oceano. Através do Rio da Prata, o comércio ilegal de prata de Potosí dinamizava essas trocas, transformando o Atlântico Sul num eixo da economia-mundo moderna. Tais redes foram interrompidas no final do tráfico negreiro brasileiro em 1850. Porém, após a independência das nações lusófonas africanas, comunicações e relações diretas se restabeleceram entre os dois lados do Atlântico. Consolidando suas longas relações com a Argentina, o Uruguai e o Paraguai no bloco sub-regional do Mercosul, O Brasil desenvolveu também um efetiva política externa na África. Redes econômicas, linguísticas e culturais conecta novamente diferentes países da América do Sul e da África no âmbito do Atlântico Sul. Atualmente há 37 embaixadas brasileiras nos países africanos, comparadas às 32 existentes na América Latina. Da mesma forma, há 34 embaixadas ou missões permanentes diplomáticas africanas em Brasília. Conforme o recenseamento de 2010, os brasileiros de ascendência africana tornaram-se a maioria demográfica do país. Assim, possuindo a mais longa costa nacional do oceano Atlântico, o Brasil contém a maior população afrodescendente vivendo fora da África. Na sequência de pesquisas anteriormente encetadas na Universidade de Paris Sorbonne, o Centro de Estudos do Atlântico Sul observa e analisa o espaço geopolítico formado pela América do Sul atlântica e pela África.