Investimentos e serviços estão entre setores que puxaram resultado positivo da economia
Setor de serviços liderou o crescimento da economia no ano passado e foi impulsionado pelas atividades imobiliárias, comércio e transportes.
O crescimento da economia, em 2018, mesmo modesto, foi impulsionado principalmente pela indústria e pelo setor de serviços.
Difícil de escolher: são 70 opções no almoço e os doces? Mas tem muita gente que escolhe cuidadosamente. “Dieta e economia, os dois, porque hoje está difícil as coisas”, comenta Jussara Ginevro, assistente de marcas e patentes.
Apesar de o consumidor ainda estar precavido, uma padaria que tem de tudo aumentou o faturamento em 2018. Pouco, mas aumentou. “Tivemos muito desemprego e o orçamento das pessoas também está mais curto, você percebe que elas economizam para não gastar, ter a refeição fora do lar para conseguir pagar suas contas”, conta Thiago Reis dos Santos, sócio da padaria.
O setor de serviços liderou o crescimento da economia em 2018 e foi impulsionado pelas atividades imobiliárias, comércio e transportes.
O ingrediente que não pode faltar para a economia crescer é otimismo e o pessoal da padaria estava bem otimista em 2018, tanto que inaugurou uma nova unidade de produção, investiu em equipamentos super modernos, tudo pra aumentar a produção dessas delícias e reduzir os custos. Só que o crescimento que a empresa esperava, ainda não saiu do forno.
A nova unidade produz um terço da capacidade, mas foi graças a apostas em máquinas e prédios que depois de quatro anos no negativo, os investimentos tiveram a primeira taxa positiva. Resultado da importação e da produção interna de bens de capital, que são máquinas e equipamentos.
“Investimento recuperou um pouquinho, mas em termos no peso do investimento no PIB está muito mais baixo do que países parecidos com o Brasil, então você está investindo 16% do total do PIB. Países como Chile, Colômbia, investem algo ao redor de 23, 25% do PIB, então 16 é muito baixo”, destaca Marcelo Kfoury, economista da FGV EESP.
A padaria compra produtos de plástico de uma indústria, especializada em artigos de cozinha. Para produzir mais, a empresa precisa que a padaria e os outros clientes vendam mais.
“Não foi ruim, mas poderia ter sido melhor. Nosso receio era investir muito mais e não conseguir pagar nossas contas”, conta Renata dos Santos Oliveira, diretora administrativa da empresa.
“As empresas brasileiras como elas não têm um mercado ‘bombando’ usando o português bem claro, elas também são muito cautelosas, isso é meio um círculo vicioso: a demanda não cresce, as empresas ficam cautelosas e dá esse crescimento que eu chamo de muito modesto”, diz Simão Silber, professor da Faculdade de Economia da USP.
Comparada com o ano anterior, a indústria saiu do campo negativo. A produção de energia, gás e água liderou a alta. Seguida pela indústria de transformação, como automóveis e farmacêutica. Graças a esse crescimento modesto a indústria de plástico contratou oito funcionários no ano passado.
O ferramenteiro Rafael Calegari ficou seis meses desempregado até conseguir a vaga e pode levar adiante um plano antigo: a mulher dele está grávida: “Dá pra ter planos, dá pra ter um futuro, dá pra ter um sonho, dá pra sonhar, não tava dando nem pra sonhar, o ano passado tava meio difícil”.