Cooperativas têm um “espaço gigantesco” para embarcar na recuperação econômica
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O ccooperativismo no Brasil ainda é visto com muito preconceito - frequentemente pelos próprios cooperados, que fazem essa opção em certos momentos na vida mais como uma porta de saída para o desemprego em um país quase sempre em crise. Trocando em miúdos, uma tábua de salvação.
O cooperativismo, porém, pode ser justamente o contrário: uma porta de entrada para o desenvolvimento e a inclusão social. Essa é a opinião do engenheiro agrônomo e ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues. "As cooperativas são, por definição, elementos inclusivos que se contrapõem à concentração de riqueza", disse o líder cooperativista em entrevista exclusiva à EasyCoop. "Portanto, elas são, por definição, favoráveis à democracia e à paz." Rodrigues sugere que poucas vezes a situação atual do Brasil foi tão promissora para as cooperativas.
Ele vê o país numa fase de retomada do crescimento e acredita que esta seja uma boa oportunidade em vários setores. "As cooperativas de transporte, por exemplo, têm um papel cada vez mais forte com a recuperação e o desenvolvimento da economia, pois futuramente haverá muito investimento em logística e infraestrutura", prevê. No entanto, adverte o ex-ministro, as cooperativas precisam mudar algumas atitudes, tais como investir em gestão para ter condições de competir com empresas convencionais, geralmente mais estruturadas nesse aspecto. Se fizer sua lição de casa, o cooperativismo tem "espaço gigantesco" para crescer. "Nós estamos apenas engatinhando", afirma. Confira a seguir os principais pontos da entrevista.
As cooperativas produzem inclusão
A economia globalizada traz dois movimentos simultâneos que são inimigos da democracia. O primeiro movimento é o de exclusão social. O segundo é de concentração. As empresas vêm crescendo umas comprando as outras. Houve uma redução do número de empregos e uma concentração de renda. Isso resultou em demissões. Quando um banco compra outro, demite. Quando um laboratório farmacêutico compra outro, demite gente. A economia globalizada via concentração de renda produziu exclusão social. Nem a exclusão social nem a concentração de renda são favoráveis à democracia, pois milhões de excluídos representam um exército de gente pronta para buscar mecanismos pouco republicanos de reinserção social.
As cooperativas são, por definição, elementos inclusivos que se contrapõem à concentração de riqueza. Portanto, elas são, por definição, favoráveis à democracia e à paz. Isso dá a elas um papel cada vez mais importante na sociedade contemporânea, mas é preciso que elas cresçam.
Se você olhar, por exemplo, o cenário global, cerca de 1 bilhão de pessoas no mundo inteiro, mais uma média de três dependentes por pessoa, temos 4 quatro bilhões no mundo todo diretamente ligadas ao cooperativismo. Isso é mais da metade da população do mundo. No Brasil, somos 10 milhões de cooperados. Com três dependentes, são 40 milhões de pessoas, o que representa apenas 20% da população brasileira. Ou seja, nós ainda estamos engatinhando na participação do cooperativismo no cenário socioeconômico político brasileiro se comparados com a média do mundo.
Portanto, temos espaço na direção da inclusão social e da redução da concentração da riqueza defendendo a democracia e a paz nacionais. Por isso, eu acho que nesse ambiente, nesse horizonte, cabe ao cooperativismo de qualquer segmento informar cada vez mais as vantagens da cooperação.
Leia a matéria na íntegra na Revista EasyCoop