Decisão do Copom não surpreendeu o mercado, mas o que há de novo no comunicado do BC?
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Para entender o que a nota divulgada pelo Banco Central trouxe de novidade neste cenário de previsibilidade e aos fatos que os investidores devem se atentar, o InfoMoney compilou as avaliações de especialistas do mercado e da academia.
SÃO PAULO - A decisão unânime do Copom (Comitê de Política Monetária) por cortar a taxa básica de juros em 75 pontos-base, para 12,25% atendeu as expectativas do mercado e trouxe sinalizações das principais pontos observados na economia nacional e internacional pelos condutores da política monetária brasileira. Para entender o que a nota divulgada pelo Banco Central trouxe de novidade neste cenário de previsibilidade e aos fatos que os investidores devem se atentar, o InfoMoney compilou as avaliações de especialistas do mercado e da academia. Confira algumas análises:
Paulo Gomes, estrategista e economista-chefe da Azimut Brasil Wealth Management: "O Banco Central mostrou uma tranquilidade maior. Foi um comunicado que não reforçou uma aceleração nos cortes de juros ainda". Na avaliação do especialista, as atuais expectativas são de que a autoridade monetária nacional continue com um ritmo de cortes de 75 pontos-base por mais tempo, embora a possibilidade de um corte mais agressivo ainda não esteja descartada. "O Copom ganhou tempo para decidir se acelera ou não [o ritmo]".
Gomes também observa que o comunicado deixa claro que, para que os juros cheguem a um dígito, como projetado pela maioria dos analistas do mercado para o fim do ano, terá de ser aprovada a reforma da Previdência. "[o texto] Mostra realismo e incentivo para que o Congresso aprove as reformas. Até o fim de julho, já vai haver alguns sinais da reforma da Previdência. Se ela for aprovada e não for desfigurada, poderemos ter um novo corte de 75 pontos", disse em conversa por telefone.
Na avaliação do economista-chefe da Azimut, o Ibovespa deverá responder positivamente ao anúncio, embora boa parte do que se observou já estivesse embutido nos preços. "Já era consenso do mercado, mas isso é positivo porque dá estabilidade nas projeções e para a política monetária".
Felippe Serigati, economista e professor da Fundação Getulio Vargas FGV/EESP: "A grande notícia do Copom de hoje é que está tudo certo". Observando-se as projeções da mediana dos economistas consultados pelo relatório Focus para a inflação deste ano, em 4,4% -- 10 pontos-base abaixo da meta estabelecida pelo BC --, não haveria espaço teórico para uma intensificação nos cortes da Selic no momento, defende o professor. Além disso, uma medida mais agressiva poderia ser mal-interpretada pelos agentes econômicos e gerar incertezas no mercado. "Não seria muito positivo se o BC começasse a sinalizar uma coisa e fizesse outra. O fato de não ter trazido qualquer surpresa nessa decisão foi bom".
"A sinalização por enquanto é de 0,75 ponto percentual [de cortes nas próximas reuniões], com a Selic terminando o ano talvez em 9% ou próximo a isso. Diferentemente do que alguns analistas têm colocado, hoje não vejo razão para o BC intensificar o processo de corte nos juros. Caso a mediana [dos economistas consultados pelo Focus] comece a ficar abaixo de 4,5%, o BC deverá acelerar o processo de cortes. Mas, no momento, está tudo certo", concluiu.
InfoMoney - SP
Publicação: 22/02/2017