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Empregabilidade e Educação Executiva

4 min de leitura
23/05/2016

O mercado de trabalho no segmento executivo mudou significativamente ao longo das últimas décadas no Brasil e no mundo. No passado, o que contava para o profissional era construir uma sólida carreira em uma boa empresa, galgando posições ao longo de sua trajetória. Nessa lógica, o foco do executivo centrava-se em garantir “um bom emprego” e na estabilidade, o que garantia o desenvolvimento no contexto do ambiente de trabalho em que o profissional atuava. Nessa estrutura, era comum que sua atuação se restringisse a apenas uma ou duas empresas ao longo da sua trajetória. Um profissional que tivesse atuado em várias empresas, em geral, era mal visto pelo mercado de trabalho, pois levantava dúvidas acerca do seu comprometimento com a empresa ou da sua competência.

Essa dinâmica mudou completamente, dadas as transformações ocorridas no ambiente de negócios das empresas, particularmente, a partir da década de 1980. A crescente globalização econômica, verificada desde então, intensificou o ambiente competitivo em que as empresas realizam seus negócios. Novos “players” passaram a atuar em escala global: o foco de atuação em vários segmentos deixou, gradativamente, de ser apenas voltado para o mercado doméstico, passando a ser cada vez mais orientado para a realização de negócios em contexto mundial. As corporações tiveram que reagir a esse processo, mudando inteiramente seu paradigma de gestão organizacional e de desenvolvimento de produtos e serviços. Esse fenômeno provocou profundas transformações no mercado executivo: a nova dinâmica de negócios levou à necessidade de um completo redesenho organizacional. Os executivos passaram a ter que responder de forma cada vez mais ativa em um ambiente empresarial em contínua transformação. Isso levou à crescente necessidade de atualização e de busca de novos conhecimentos por parte dos profissionais que atuam nos mais diferentes segmentos. O mercado de trabalho transcendeu a lógica da necessidade de ter apenas “um bom emprego” e da estabilidade para o conceito de empregabilidade. Em outras palavras, para o profissional moderno, ter a capacidade de se reposicionar no mercado de trabalho em uma condição equivalente ou melhor é tão ou mais importante do que apenas ter uma boa posição em uma empresa.

Adicionalmente, como corolário desse processo, passou a ser exigido do executivo moderno uma visão cada vez mais holística dos negócios, abandonando o foco especialista unidimensional. Isso significa que esse profissional tem que desenvolver competências que vão além de uma área de especialização específica. Dentre as habilidades desenvolvidas, passaram a ser valorizadas, por exemplo, a capacidade de trabalhar em equipe, o desenvolvimento de times e de liderança, gestão de conflitos entre outras.

Por conta disso, a educação executiva floresceu ao longo das últimas décadas no Brasil e no mundo. No caso brasileiro, esse segmento oferece cursos e programas nos mais variados formatos (curta duração, MBAs, especializações, etc), visando atender uma demanda crescente em termos de capacitação e atualização de profissionais em diferentes habilitações e competências. As escolas de negócios se moldaram a essa realidade: os cursos mais requisitados nesse segmento de ensino conjugam desenvolvimentos conceituais à realidade prática do dia a dia dos negócios, de forma a atender as necessidades exigidas pelo mercado atual. A utilização de diferentes metodologias de ensino também é amplamente empregada nesse segmento: estudos de caso, jogos, simulações, role playing, discussões estruturadas, etc. Sob essa ótica, a educação executiva atende a uma necessidade empresarial premente no País, desenvolvendo competências essenciais do executivo moderno, capacitando-os para responder da melhor forma possível os desafios impostos pela atual realidade corporativa.

A crise econômica pela qual atravessa o País nesse momento traz novos desafios às empresas e aos executivos, abrindo uma nova dimensão nesse aspecto. A recessão tem exigido das organizações maior eficiência na gestão de seus recursos, com grandes esforços em termos de ajuste de custos e aumento de produtividade. Ao mesmo tempo, as empresas têm que se orientar para estarem preparadas para a retomada dos negócios no médio prazo. Os profissionais desempenham um papel fundamental nesse processo, aliando suas habilidades e competências à criatividade exigida em um momento como esse. Estar bem munido de recursos informacionais e de conhecimento se mostra fundamental para o sucesso em um momento crítico como o atual. Nesse sentido, o executivo deve considerar seriamente a realização de um curso voltado para a área de negócios, como forma de ampliar seus horizontes em um contexto de desafios e transformações como o verificado atualmente.

Ao mesmo tempo, a realização de um curso executivo neste momento, como uma especialização ou MBA, torna o profissional mais capacitado e apto para lidar com as dificuldades atuais, tornando-o mais valioso para a empresa. Esse é um elemento que não deve ser descartado em um contexto de recessão e de aumento de desemprego. As organizações vêm com bons olhos os profissionais que investem no seu desenvolvimento educacional com foco para o aprimoramento de novas habilidades (ou aprimoramento das existentes) e para a atualização dos seus conhecimentos. Reconhecidamente, executivos que investem na sua educação apresentam um maior potencial de geração de valor para os negócios. Esse é um diferencial não desprezível no momento atual.

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Rogério Mori - Professor da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV/EESP) e Coordenador da Pós Graduação Executiva da FGV/EESP.

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