Ex-ministro vê ‘desastre’ para imagem do País com Operação Carne Fraca
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Concorrentes do Brasil no mercado de carnes ficam permanentemente em alerta em busca de uma falha, diz Roberto Rodrigues.
RIBEIRÃO PRETO - O ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, considerou a notícia e o impacto da Operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal (PF), capazes de causar um “desastre” e uma “tragédia” para a imagem externa para o Brasil no setor de carnes.
Apesar de considerar precoce qualquer avaliação sobre possíveis embargos à carne brasileira, Rodrigues lembrou que bastou um foco de febre aftosa no Brasil, próximo à fronteira do Paraguai, para, em 2005, 47 países suspenderem o comércio com o País.
“Imagine com essa operação, que é muito mais ampla?”, indagou Rodrigues, que é coordenador do Centro de Agronegócio da Fundação Getulio Vargas (GV Agro) e colunista do Estado, em entrevista ao Broadcast Agro.
O ex-ministro lembrou que os concorrentes brasileiros no setor ficam permanentemente alerta em busca de uma falha e que a Operação Carne Fraca gera a impressão de que fiscalização de carne exportada pode ser precária. Segundo a PF, técnicos do Ministério da Agricultura faziam parte do esquema de pagamento de propina para a liberação de carne irregular exportada e consumida no mercado interno, principalmente a de frango. “Existe risco latente (de embargo).
Nosso problema no mercado internacional de carne é que há um permanente alerta interno contra possíveis falhas e os concorrentes também ficam permanentemente achando falhas. E uma falha desse tamanho pode gerar reação negativa”, lamentou Rodrigues.
Desconfiança. Para o ex-ministro, o impacto no mercado interno será “de desconfiança do consumidor e sentimento de bagunça generalizada” na fiscalização, o que deve prejudicar o comércio de carnes no País. “Com isso, o produtor, que toma todos os cuidados, que se preparou e arrumou a casa, agora será o mais prejudicado por conta desses problemas na fiscalização e na indústria”, afirmou.
Ainda segundo o ex-ministro, houve um problema com um funcionário do setor da fiscalização durante o período em que esteve no cargo, entre 2003 e 2006, e na ocasião, Rodrigues defendeu a demissão do técnico. “Foi um problema bem menor, mas o fiscal só foi demitido depois de muito tempo, quando eu já nem estava mais no cargo”, concluiu Rodrigues.
Estadão.com - SP
Economia Publicação: 17/03/2017