FGV: desequilíbrio observado na economia brasileira até 2014 está sendo corrigido
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Depois de uma tendência de piora gradual ao longo dos últimos anos, houve uma estabilidade dos fundamentos da economia brasileira, segundo dados comparativos de 2015 e dos seis primeiros meses de 2016, aponta estudo do Centro de Macroeconomia Aplicada (Cemap) da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV/EESP)
O estudo mostra ainda que a taxa de câmbio real chegou muito próxima do equilíbrio ao final no segundo trimestre de 2016, indicando que o desequilíbrio externo observado na economia brasileira até 2014 foi corrigido e restam agora desafios domésticos a serem realizados, como o ajuste das contas públicas, a inflação alta e a recessão.
As estimativas de desalinhamento cambial sugerem que a moeda brasileira reverteu, a partir de 2015, a valorização registrada entre os anos de 2010 e 2014, e, ao longo do primeiro semestre de 2016, há um movimento de fortalecimento da moeda corrigindo o exagero ocorrido anteriormente.
Das variáveis que compõem os fundamentos da economia brasileira, o balanço de bens e serviços apresentou melhorias em 2016 e os termos de troca, aparentemente, começam a estabilizar após sucessivas quedas. A melhoria do resultado em transações correntes como proporção do PIB deveu-se a uma combinação da depreciação cambial ao longo dos últimos anos e da forte queda da atividade econômica – este último segue em curso. Tais fatores conseguiram reverter a tendência de piora das contas externas que vinha sendo observada, mesmo num momento de queda expressiva nos termos de troca da economia brasileira.
Já o balanço de bens e serviços, que apresentava uma deterioração contínua desde 2005, recentemente sofreu uma clara reversão que está em curso. A balança comercial de bens e serviços apresentou uma sensível melhora em meados de 2015 e esta continua ao longo de 2016.
Este fato sugere que a redução da atividade econômica explica boa parte desta melhoria por conta da redução das importações de bens e serviços, dado que a reversão do resultado externo coincide com a forte deterioração da atividade econômica verificada no Brasil no período. Isso fez com que a melhoria no saldo do balanço ocorresse apesar do baixo dinamismo das exportações.
Uma deterioração intensa dos termos de troca, por conta da queda de preços dos principais bens exportados pelo país, vinha ocorrendo desde 2011, o que, tudo mais constante, tendia a provocar uma deterioração das contas externas. Começam a aparecer sinais de que tal deterioração vem sendo estancada.
Monitor Mercantil Digital - RJ / Conjuntura
Publicação: 22/09/2016