Quem vai trazer a inflação para a meta?
Quem vai trazer a inflação para a meta?
O dilema entre política monetária e fiscal
Por João Ricardo Costa Filho professor do Programa de Pós-Graduação Master da FGV EESP
Em diversas economias, a missão acerca da estabilidade de preços recai sobre o banco central do país. Afinal, Milton Friedman já afirmou que “a inflação é sempre e em qualquer lugar um fenômeno monetário” (Inflation Causes and Consequences, 1963). Mas será que essa máxima ainda vale? Para Thomas Sargent, laureado com o prêmio Nobel em Economia (assim como Friedman), “a inflação persistentemente alta é sempre e em qualquer lugar um fenômeno fiscal” (Rational Expectations and Inflation, 1986). Junto à Neil Wallace, Sargent nos mostrou uma aritmética que os autores qualificaram como desagradável: apertos monetários hoje podem significar aumento da inflação amanhã. A lógica é a seguinte: o aumento dos juros pode tornar a dinâmica da dívida insustentável se não vier acompanhado de algum tipo de austeridade fiscal (uma vez que (i) aumenta o custo de carregamento da dívida ao mesmo tempo que (ii) desestimula a atividade econômica, diminuindo a arrecadação e tornando maior esforço do governo para o pagamento da dívida). Assim, eventualmente a entidade monetária teria que ceder e aceitar que a economia encontre uma saída inflacionária para equacionar o endividamento público.
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