Reunião sobre reforma trabalhista no Senado é suspensa após bate-boca
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Confusão começou quando a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) disse que a oposição não aceitaria a leitura do relatório nesta terça-feira (23/5).
A sessão de discussão da reforma trabalhista foi suspensa após bate-boca entre senadores na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal. O clima já estava tenso desde o início das discussões, por volta das 9h, mas a confusão começou quando a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) disse que a oposição não aceitaria a leitura do relatório nesta terça-feira (23/5).
Em seguida, a senadora Fátima Bezerra (PT-RN) sentou na cadeira da presidência e reafirmou o posicionamento de que não haveria leitura. Diante das reações acaloradas dos senadores, o presidente do Senado, Tasso Jereissati (PSDB-CE), suspendeu a sessão.
A polícia legislativa expulsou os presentes no plenário, dizendo que a sessão já estava suspensa e não haveria leitura. Em seguida, fechou as portas de acesso ao local, deixando imprensa e demais presentes sem informações. As entradas ainda não foram liberadas.
O clima já estava pesado desde o início da sessão, por volta das 9h, devido a divergências entre parlamentares da oposição e da base aliada sobre a decisão do relator, Ricardo Ferraço (PSDB-ES), de ler o parecer nesta terça-feira (23/5). Na última quinta-feira (18/5), o deputado havia suspendido a leitura por entender que não havia clima político para discutir a matéria desde que as delações de executivos da JBS foram reveladas, no dia anterior.
Debate
Antes da suspensão, a reforma foi defendida e criticada pelo público e pelos senadores que estavam na reunião. A audiência foi solicitada por senadores da oposição, como Gleisi Hoffmann (PT-PR) e Lindbergh Farias (PT-RS) sob a justificativa de terem um debate mais equilibrado e com o enfoque nos impactos da reforma trabalhista na economia.
Falaram durante a sessão dois convidados pela oposição e dois pela situação. O professor e economista da Universidade de Campinas (Unicamp) Márcio Pochmann, convidado pela oposição, afirmou que a reforma trabalhista não vai elevar o nível de emprego no país.
Ele citou um estudo da Organização Internacional do Trabalho (OIT), realizado entre 2008 e 2014 em 110 países que realizaram mudanças na legislação trabalhista. O estudo concluiu que não houve efeito relevante das reformas sobre a elevação do emprego.
"As mudanças na legislação trabalhista, seja para proteger o trabalhador, seja para liberalizar o funcionamento do mercado de trabalho, não impactam o mercado de trabalho", acrescentou.
O professor de economia da Fundação Getulio Vargas (FGV EESP), André Portela, por sua vez, defende a reforma e chamou a atenção para o alto grau de rotatividade no mercado brasileiro, mesmo em tempos em que a economia não estava em crise.
Para ele, a proposta de reforma trabalhista ataca pontos da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), para melhorar a proteção aos trabalhadores e incentivar relações de trabalho duradouras e ganhos de produtividade.
Correio Braziliense Online - DF
Publicação: 23/05/2017