UM POR TODOS, TODOS POR UM
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Pela primeira vez em sua história, a Coamo ultrapassou a barreira dos R$ 10 bilhões em faturamento. Entenda como ela chegou lá
BRASIL POSSUI UMA FORTE presença de cooperativas em sua estrutura econômica. São 6,5 mil agremiações, das quais fazem parte 12 milhões de cooperados que ofertam produtos e serviços. As cooperativas também são geradoras de emprego: atualmente são 365 mil postos de trabalho, de acordo com o Sistema OCB, organismo que reúne a Organização das Cooperativas Brasileiras, a Confederação Nacional das Cooperativas e o Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo.
"O cooperativismo é um aliado de governos sérios", diz Márcio Lopes de Freitas, presidente do Sistema OCB. "A função da cooperativa é contribuir para a economia do País, promovendo o desenvolvimento sustentável das comunidades onde atua". A estimativa é de que o setor movimente anualmente 11% do Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio, o que equivaleria a R$ 126 bilhões em 2015. Na prática, uma em cada quatro famílias brasileiras estão ligadas diretamente ao cooperativismo. "Elas fazem parte de um extraordinário sistema mundial, na qual estão integradas um bilhão de famílias", afirma Roberto Rodrigues, coordenador do Centro de Agronegócios da Fundação Getúlio Vargas (FGV/EESP) e embaixador especial da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) para o cooperativismo mundial.
"Se, na média, cada um dos cooperados tiver três dependentes, está aí mais da metade da população mundial", afirma Rodrigues. "Ou seja, as cooperativas são meios para promover o bem-estar econômico e social a pequenos e médios produtores."
No campo, as cooperativas vêm dando uma lição de empreendedorismo. Estruturadas e administradas como empresas, 1,5 mil agremiações agropecuárias reúnem um milhão de cooperados e geram 18 mil empregos diretos. Entre elas estão gigantes como Coamo, Aurora, Comigo, LAR, Cocamar, Integrada e Cooxupé, entre outras.
Rodrigues diz que essas modernas cooperativas se sustentam sobre três pilares: no mundo globalizado, elas promovem com eficiência a escala de produção de pequenos e médios empreendedores, agregam valor no momento da venda dos produtos e organizam o pacote tecnológico empregado no campo.
AS COOPERATIVAS S˜AO O CAMINHO PARA A INCLUSÃO SOCIAL E A MITIGAÇÃO DE RENDA
"São caminhos para a inclusão social e para a mitigação de renda", afirma Rodrigues. "Os casos de sucesso são o espelho da realidade social na qual estão inseridas". É o caso da Cooperativa Agropecuária Mourãoense, a Coamo, em Campo Mourão (PR), pentacampeã do prêmio AS MELHORES DA DINHEIRO na categoria Cooperativas Agricolas. Com atuação também nos estados de Santa Catarina e Mato Grosso do Sul, a Coamo reúne 28 mil associados. Em 2015, pela primeira vez na história da cooperativa, a receita ultrapassou dois dígitos: foram R$ 10 bilhões, ante R$ 8,1 bilhões em 2014. Para o presidente da Coamo, José Aroldo Gallassini, a explicação desse desempenho está na própria cooperativa. "Somos entusiasmados com nós mesmos", diz ele. "Trabalhamos olhando para o futuro, sem nos preocuparmos se a economia dá solavancos aqui e ali". Do montante obtido, foram devolvidos aos cooperados, na forma de lucro, R$ 320,3 milhões, valor 23,4% acima de 2014. Outro recorde foi a geração de 7,2 milhões de toneladas de produtos, como soja e seus derivados, entre eles óleo e farelo, além de milho, trigo e café como principais cultivos. As exportações renderam US$ 1,17 bilhão para 3,49 milhões de toneladas de industrializados e "in natura". Somente para o estado americano da Carolina do Norte, pela primeira vez, a Coamo exportou um milhão de sacas de milho.
PRONTA PARA O FUTURO, A COAMO VAI INVESTIR R$ 1 BILHÃO ENTRE 2016 E 2019
Em 2015, os investimentos somaram R$ 297 milhões para por em funcionamento um moinho de trigo, além de promover a melhoria da infraestrutura das 112 unidades de recebimento de grão s, instaladas em 68 municípios, e modernizar e ampliar a frota de máquinas e caminhões.
Hoje são 1,7 mil veículos próprios, além de mil terceirizados. "Foram investimentos necessários para dar fluxo à produção ", diz Gallassini "Agora, temos um novo pacote de investimentos ainda mais ousado." Para os próximos quatro anos, os cooperados já aprovaram investimentos da ordem de R$ 1 bilhão a serem realizados entre 2016 e 2019, Serão investidos R$ 650 milhões em uma esmagadora de soja e numa indústria de óleo e farelo no município de Dourados (MS).
Outros R$ 154 milhões estão reservados à modernização do terminal da Coamo no Porto de Paranaguá (PR) e os as 196 milhões restantes irão para a melhorias de entrepostos e unidades de secagem e armazenagem.
"Não dá para parar", diz Gallassini. "O número de cooperados cresceu no Centro-Oeste e agora precisamos levar a agroindústria para a região ."
Revista Isto É Dinheiro - SP
Publicação: 01/09/2016