Vem aí uma nova crise de segurança alimentar?
2 min de leitura
Especialistas mostram a necessidade de uma reorganização da ordem global de alimentos para dar conta do crescimento da população.
Crescimento populacional, ondas imigratórias e escassez de água. Como é possível enfrentar esses problemas garantindo a segurança alimentar? Durante o 5º Fórum de Agricultura, três especialistas deram sua opinião sobre o tema, no painel: “Oferta e Demanda: Fundamentos que reorganizam a Ordem Global”.
Renato Conchon, coordenador do Núcleo Econômico da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), abriu o painel mostrando que o Brasil é referencia global neste sentido: “Hoje o Brasil alimenta o equivalente a 7,5 vezes a população brasileira, ou 1,5 bi de pessoas por ano”.
O que a soja tem a ver com a pecuária?
Mas é importante lembrar: a produção agrícola não é apenas um motor de alimentos humanos. Ela é essencial para a produtividade pecuária por conta da ração animal.
Diretor de desenvolvimento de mercado para soja da Associação de Soja de Minessota, Kim Nill explica que a alta produtividade de soja atingida por esse estado norte-americano poderia se tornar um problema, devido à dificuldade geográfica de escoamento do grão. Mas eles enxergaram oportunidades para produção de suínos.
“Nosso conselho de pesquisa para soja nos colocaram a frente em um pequeno segmento de mercado para reorganizar ordem global, o fornecimento de ração para animais filhotes”, afirma Nill.
O especialista também diz que as pesquisas derivam em novas utilizações para o soja, como a produção de Biodiesel.
As inovações já cruzaram fronteiras. Kim Nill conta que recentemente recebeu a visita de um brasileiro que quer trazer essa revolução para o Brasil.
Conhecendo os riscos
Para Angelo Costa Gurgel, professor da FGV EESP, doutor em Economia Aplicada, é preciso ir além. Ele destacou até mesmo a impossibilidade de o mercado se reorganizar rapidamente se a demanda por carne animal crescer, devido ao crescimento do número de pessoas que evitam carne animal. O professor também fez alguns alertas para o futuro da produção de grãos, dando o exemplo do milho:
“O milho, que é produzido em um grande número de municípios do Brasil, mostra uma diferença muito grande de produtividade do local que produz mais para o que produz menos. Isso mostra uma má distribuição tecnológica”.
Devido a essa questão e às alterações climáticas, há ainda o risco de a produção da segunda safra de milho ficar inviável até 2085. Por isso, o professor reafirmou a necessidade de investimento tecnológico: “Não acredito em expansão de área no Brasil. Isso vai ter que recair sobre a produtividade”.
Conheça o Mestrado Profissional em Agronegócio
Gazeta do Povo Online - PR / Data de publicação: 24/08/2017