Ibovespa bate 100 mil pontos, mas segue abaixo do recorde real de 2008

O verdadeiro pico do principal índice da bolsa brasileira aconteceu em 2008 quando se considera a inflação, alcançando 134.917 pontos, segundo a Economatica.

Mesmo após bater a marca dos 100 mil pontos pela primeira vez, o índice que reúne as principais ações da bolsa brasileira, o Ibovespa, está mais de 30 mil pontos abaixo de seu recorde real – quando se corrige seu desempenho pela inflação.

Ao levar em conta o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), o Ibovespa ainda está longe de superar o pico batido no dia 20 de maio de 2008, quando chegou aos 134.917 pontos corrigidos (ou 73.516 pontos em valores nominais), mostram dados da Economatica fornecidos ao G1.

Em dólar, o Ibovespa também segue bem abaixo de seu pico histórico. No fechamento de 15 de março, o índice encerrou a 25.855 pontos (dólar), sendo que o recorde foi de 44.616 pontos no dia 19 de maio de 2008.

Nos últimos meses, o principal índice de ações do Brasil acumulou sucessivos recordes, mas ao se considerar as perdas acumuladas pela inflação, ele continua “barato”, avalia o economista e professor professor do LabFin da Fundação Instituto de Administração (FIA), Alexandre Cabral.

“Teoricamente, o Ibovespa está atrasado em relação ao passado, já que nem corrigiu a inflação do período”, explica Cabral.

O otimismo que tomou conta do mercado nos últimos meses, amparado por expectativas de melhora da economia e uma agenda reformista, levou o Ibovespa a sucessivos recordes desde o fim do ano passado, interrompendo um longo período de crise. Mas o mercado ainda vê muito espaço para crescer.

“Tem muita lenha para queimar. Não depende só da aprovação da reforma da Previdência, que vai ajudar muito, mas também de fatores externos como a tensão comercial entre Estados Unidos e China”, explica Cabral.

Em meio aos recordes do Ibovespa, o número de brasileiros que investem na bolsa brasileira cresceu 37% em um ano, atingindo a marca de 858 mil no início deste ano, superando a quantidade de investidores do Tesouro Direto – que era de pouco mais de 750 mil em janeiro.

Foram os investidores locais – fundos de investimento, tesouraria de bancos e pessoas físicas – que sustentaram a recente alta do índice da B3. Os estrangeiros vêm deixando o mercado acionário do Brasil desde outubro do ano passado. De lá até meados de fevereiro, a saída de capital externo foi de R$ 11,6 bilhões.

"O investidor estrangeiro está esperando para ver como será a negociação da reforma da Previdência no Congresso para apostar suas fichas na bolsa brasileira", destaca Cabral, da FIA.

O professor e coordenador do curso de economia da FGV EESP, Joelson Sampaio, acredita que este ano deve ser melhor que os anteriores, pelo menos em número de IPOs (empresas abrindo capital). “Vai depender muito de como a economia vai sair neste primeiro semestre”.

Criado em 1968 para refletir o comportamento das ações mais negociadas no Brasil, o Ibovespa corresponde a cerca de 80% do volume de negócios do mercado de capitais.

Hoje, o índice Bovespa reúne 65 ativos de 62 empresas, incluindo Itaú Unibanco, Bradesco, Petrobras e Vale entre os papéis de maior peso. Essa composição leva em conta os papéis mais negociados nos últimos meses.

A pontuação do índice é calculada em tempo real, de acordo com os preços das ações negociadas durante o pregão. Os papéis com maior peso são os que mais influenciam a oscilação do índice.

Ao longo de sua história, o Ibovespa já passou por vários momentos de turbulência. Os negócios do índice já foram interrompidos algumas vezes por um mecanismo chamado circuit breaker.

Ele é acionado para interromper o pregão sempre que ocorrem oscilações muito bruscas no valor das ações, com o objetivo de proteger o mercado da volatilidade.

A última vez que o circuit breaker foi acionado foi em maio de 2017, quando eclodiram denúncias contra o então presidente Michel Temer, fazendo o Ibovespa recuar mais de 10%. O mecanismo já foi acionado por 17 vezes na história da bolsa.

Isso também aconteceu no dia 22 de outubro de 2008, quando a bolsa caiu 10,18%, reagindo à crise financeira internacional. No dia 11 de Setembro de 2001, dia do ataque às torres gêmeas de Nova York, os negócios também foram interrompidos, mas o circuit breaker não foi acionado.

Naquele dia, a Bovespa recuou 9,17% em pouco mais de uma hora. Antes que as negociações fossem interrompidas, a bolsa fechou, seguindo a maioria das bolsas do mundo. A reabertura só ocorreu no dia seguinte.

 

 

Fonte: 
Portal G1 - SP
Data da publicação: 
19/03/2019
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